Lógica é lógico

A Importância da Leitura

Nilson José Machado

Professor de Didática da Matemática da USP

A LEITURA, A ESCRITA, O LUXO

Ler, escrever e contar é o que deveria resultar dos estudos escolares, diziam nossos avós. No antigo Egito, a leitura era ensinada a todos, mas o ensino do cálculo não era generalizado e a escrita era destinada apenas aos filhos das classes dominantes. Em Roma, os escravos que conduziam tais crianças à escola eram chamados “pedagogos”. Em latim, paidòs é criança, e agogòs, condutor. Os pedagogos aprendiam a escrita para poder ajudar as crianças em seu aprendizado. Hoje, é incompreensível uma dissociação entre a leitura e a escrita. A expressão de si e a compreensão do outro são competências complementares. Ler é fundamental para seguir regras com consciência, mas a expressão pessoal é vital, e a escrita é essencial para isso. A oralidade esvanece, a escrita permanece. Animais comunicam-se oralmente; a peculiaridade do ser humano reside na escrita. É preciso ler e compreender o mundo, mas, na escola da vida, temos que assinar o livro de presença. Decididamente, a escrita não é um luxo.

Lendo os depoimentos, principalmente o do professor Nilson José Machado, recordei com muita saudade de minha querida avó paterna que sempre contava que na sua infância apenas os meninos frequentavam as escolas e por este motivo aprendeu a ler e escrever com muito sacrifício. A História que me contava é que morava na zona rural (fazenda) e o professor morava na casa de seus pais. Penalizado por ver o sofrimento daquela menina, começou ensina-la a escrever, iniciando pelo seu nome com letras de forma, a partir do seu nome aquela menina sozinha conseguiu aprender ler jornais e revistas, mas... de forma escondida, pois jamais outras pessoas podiam ficar sabendo de tal fato, principalmente seus pais.

Lucia Elena Del Arco Cervo

Marilena Chauí com seu depoimento “... como leitores, descobrimos nossos próprios pensamentos e nossa própria fala graças ao pensamento e à fala de um outro.” me fez lembrar da minha adolescência. Escrevi um livro de poesia (digitado no Word e impresso) e o distribui para colegas de escola e meus pais para colegas de trabalho. Neste livro colocava os meus “Pensamentos” – nome do livro - que como toda adolescente, vivendo histórias de primeiros amores, escrevia e descrevia meus sentimentos. Sempre fui incentivada à leitura e sempre a tive em minha vida escolar. Meu pai montou uma biblioteca para mim e minhas irmãs e sempre éramos levadas a ler os livros uma das outras. Isso foi de extrema importância para a minha formação educacional.  Aprendi a questionar e argumentar. Com o passar do tempo, percebi que fui direcionando a minha leitura de acordo com o meu interesse momentâneo e fui perdendo aquela avidez na leitura. Hoje em dia, devido a profissão, aquele romance de cabeceira foi involuntariamente trocado por um livro que fale de educação ou de Matemática. Temos sempre que incentivar a leitura em nossos alunos, pois, através dela que é possível viajar por um mundo de fantasias e conhecimentos, é dessa forma que conseguimos nos expressar com criatividade, com clareza e de melhor entendimento e interpretação, exatamente o que falta para a maioria.

Kátia Renata Gouveia Pequeno